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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Eu quero dormir!


Sempre adorei dormir. Sou fã número 1 do sono. Acho uma dádiva aquele tempo que passamos babando no travesseiro. O problema é que na minha casa é difícil dormir.

- Ai, que dor horrível! Tem pena de mim, Lorena! Sou eu, a cama, que está reclamando porque não te aguenta mais! Sai de cima de mim, garota!

Assim, aos berros, meu fofo pai me tirava da naninha dos fins de semana quando eu era criança. Fim de semana é pra fazer o que bem quiser. E pra dormir! E férias... Férias é fim de semana elevado ao cubo! É tempo de pernas pro ar, de ir à praia com os amigos, de dormir sem hora pra acordar. Mas pensa que é fácil? A minha mãe, por exemplo, adora entrar no meu quarto e, mesmo ao me ver roncando (brincadeirinha, eu não ronco), puxa assuntos interessantíssimos:

- Você precisava ter visto a roupa que a Leninha vestiu hoje para ir trabalhar, Lorena. Alguém precisa avisar pra ela que 58 anos é diferente de 18, e que perna só vale mostrar se é bonita. Não é, Lorena? Tô errada, Lorena? Você ainda está dormindo, Lorena?

Pausa! Quem é que pergunta, para uma pessoa que está no escurinho, deitada e de olhos fechados, se ela está dormindo?

- O que você acha? – respondi, pra lá de irritada, sem forças para perguntar quem era Leninha.

Existem várias tragédias acordativas. Obras, por exemplo. Tem coisa pior que barulho de obra na casa ao lado? Um dia acordei com a sensação de que estavam furando a minha cabeça.

Com o travesseiro em cima do rosto e o mau humor tomando conta de cada célula do meu corpitcho, consegui voltar a dormir, mesmo com a britadeira em ação. Mas acordei, meia hora depois, às 8h30.

- Tudo velho! Panela velha, geladeira velha, fogão velho, ar-condicionado... velho! Compro tudo velho!

A voz robotizada saía de um auto-falante que parecia estar no meu quarto. Mas estava num carro lá embaixo, primo do que vende pamonha. Ele anuncia:

- Pamonhas fresquinhas! E cuscuz, cocada, bolo de aipim e o quebra queixo. Esse vale a pena, heim?

Essas frases, para meu desespero, são repetidas pelo menos 387 mil vezes ao longo do dia, todos os dias! Isso porque não mencionei as festas infantis que rolam na casa de trás, colada com o meu quarto – com direito a animadoras de vozes estridentes propondo brincadeiras que pedem (ó, céus, por quê?!) gritos histéricos das crianças – e o outro vizinho que resolveu aprender órgão. Órgão! E tudo isso... sempre de manhã.

Tem um lugarzinho pra mim na sua casa? Prometo que não ronco.