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domingo, 28 de março de 2010

Pura Sorte


A lua cheia iluminava a calçada e o único barulho que eu podia ouvir era o da festa que havia deixado. Eram umas duas horas da manhã e eu tentava encontrar meu celular nos bolsos. E mesmo com a chuva continuei a caminhar. Sabia que assim que chegasse em casa, meu pai ia cair em cima de mim com perguntas do tipo: “Eu não falei para você NÃO sair hoje?” -, mas a idiota aqui achou que poderia sair para uma festa pulando a janela do quarto sem ninguém perceber, mas lembrei que meu pai iria acordar às três pra me lembrar de tomar o remédio. Em dez metros de caminhada eu já estava encharcada, já que são alguns dois quilômetros da casa do Cameron até a minha. Ah, o Cameron!... Aquele que era para estar me levando para casa agora, mas não, ele estava lá, se agarrando com OUTRA na MINHA FRENTE.

Eu tinha um motivo bem grande e gordo pra sair furiosa daquela festa. Era meu último sábado de férias, então resolvi contrariar meu pai e ir até a festa do meu ex. Eu já fui apaixonada pelo Cameron, claro, mas parece pouco provável que um cara como ele tenha gostado de mim (quanto mais me pedido em namoro!). Justo ele, um garoto tão... popular! Sempre bonitinho, arrumado, com um brilho no olhar digamos que completamente encantador. É impossível de não se apaixonar por aqueles olhos azuis ou pelo sorriso perfeito dele. Ok, ele é um sonho.

Para encurtar a história, ele me pediu em namoro. Ai, ele era tão lindo, e com aquele jeitinho todo meigo e conquistador não tinha como dizer “não”... Bom, na época ele era só um amigo pra mim (tá legal, um booom amigo), e eu não podia sequer imaginar que ele gostava de mim: e ele realmente gostava! Eu, boba (e cega!) do jeito que sou, não havia percebido isso antes.

Ah, mas eu tinha que me conformar de um jeito ou de outro com aquilo. Nós já havíamos rompido com o namoro e ele já tinha sofrido bastante por minha causa: eu o traía constantemente enquanto estávamos juntos. Como pude ser tão burra? Oras, tudo bem que eu vacilei (e muito, admito), mas poxa, o cara estava beijando outra na minha frente! Nossa, como aquilo doeu. Eu mal posso descrever essa sensação. Eu só sei que saí de lá o mais rápido possível, não antes de dar um tapão na cara dele e dizer que jamais havia me decepcionado tanto assim com alguém. Então, depois de uma longa caminhada na chuva eu cheguei em casa, com medo de alguém acordar. Entrei pela janela e fui direto ao banheiro. Joguei todas as roupas molhadas no chão e constatei, pelo meu relógio de cabeceira, que só tinha dez minutos pra tomar um banho quente e tentar secar meu cabelo. Foi uma correria, morri de medo de que alguém acordasse com o barulho do chuveiro. Mas enfim consegui deitar no último segundo antes de meu pai entrar no meu quarto, todo sonolento. Fingi que estava dormindo, deixei que ele me “acordasse”, tomei o remédio e ele saiu sem perceber o meu cabelo molhado. Consegui, afinal. Então eu dormi. Profundamente.