Já é bem tarde, e eu continuo aqui fora, ao relento
Não há uma viva alma sequer aqui comigo pra contar história
Na calada da noite, o vento frio passa por mim lentamente
Eu me estremeço, porém não exito
Permaneço imóvel, esperando que alguém apareça
As luzes da rua se apagam, mas eu continuo ali
Estou certa de que não vou embora enquanto você não chegar
De longe surge uma sombra
Eu, feliz, constatei que alguém enfim chegara
Ela estava lá, a sombra de um homem presente
Mas não era você; decepciono-me
Entretanto, permito que ele se aproxime
E a rua quase deserta já não parece mais tão fria
Havia outra pessoa ao meu lado, alguém que eu não conhecia
Um homem que, estranhamente, me parece familiar
Na calada da noite duas sombras se aproximam
A cada segundo que passava, se chegavam mais e mais
Eu já não estava mais sozinha
E o frio que eu sentia parecia nunca ter existido
Na calada da noite não era você ao meu lado
A imagem que se via era de duas pessoas felizes
Dois estranhos, sozinhos, na calada da noite